domingo, 2 de setembro de 2012

Magic Valongo 2012, “por supuesto”


Não faz muitos anos que o evento era publicitado como Festival Internacional de Ilusionismo, o que levou por diversas vezes a cair-se no exagero de se escrever “Valongo é, desde há alguns anos a esta parte, a Capital Mundial da Magia” (ver  mensagem do Presidente da Câmara Municipal  no programa da edição de 2001). Algumas vozes criticas, nomeadamente a minha, escreveram por diversas vezes que esta forma de vender o evento é falaciosa, pois não correspondia à realidade. O Magic Valongo não era um festival internacional, não tinha essa dimensão, a sua divulgação era predominantemente local, as gentes que ali iam ver as galas, são residentes próximos, os congressistas e concorrentes eram sobretudo portugueses e espanhóis e apenas no campo dos artistas se notava uma proveniência mais ecléctica, mas porque era pagos. Valongo nunca foi a Capital Mundial da Magia. Penso que a organização terá reflectido sobre isto e vindo, ao longo de cada edição, a mudar a postura sobre o assunto. É com satisfação que leio no programa deste ano “Festival Luso-Espanhol” de Ilusionismo. Quero desde enviar à organização os meu sinceros parabéns, pela honestidade. De facto, o Magic Valongo foi sempre um festival Ibérico. Muitos mágicos espanhóis olhavam para o evento como um laboratório, onde testavam em concurso as suas rotinas antes de concorrerem aos congressos Nacionais de Espanha. Para mim, esta sempre foi a realidade, tudo o resto é uma distorção da mesma.

Por outro lado quero, uma vez mais, felicitar a organização por ter elaborado um programa conciso. É preferível um evento de poucos dias mas repleto de actividades, sem tempos mortos, do que um evento que se arrasta no tempo, onde a inactividade de alguns momentos era desesperante. Não há nada mais aborrecido que estar num evento sem ter nada para fazer. Algumas vezes senti isso, a programação arrastava-se, não havia paciência.

Por fim, lamento que neste momento, sejam anunciados 9 artistas onde apenas 1 é Português e os restantes Espanhóis. Para um festival que se quer Luso-Espanhol, parece-me que faltam mais mágicos “cá da terra”. É algo que não entendo, pois este país está bem servido de mágicos conceituados. Existe um conjunto de mágicos que representou a magia Portuguesa no Magic Castle, segundo alguns deles com muito sucesso, existem professores de Magia na escola do Porto, existem mágicos inventivos premiados pelo IMS, existem mágicos da televisão. Ora bolas, não se pode dizer que Portugal está mal servido. Se a organização não conseguir resolver este desequilíbrio Luso-Espanhol de artistas convidados, é porque andam distraídos e não por falta de matéria-prima.

Caso contrário, poder-se-á dizer que “Em Setembro Valongo tem mais magia... espanhola.”

Rui Morgado